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Torre de Lapela
Núcleo Museológico

A Torre de Menagem de Lapela, conhecida como a melhor varanda sobre o rio Minho e agora batizada como Núcleo Museológico Torre de Lapela, mantém a sua postura imponente e mostra uma silhueta ainda mais atraente, para receber munícipes e visitantes, garantindo um maior contacto com a história do nosso concelho.Inaugurada no dia 27 de maio de 2016, esta valência turística do concelho de Monção englobou a restauração da torre de menagem, a beneficiação do pavimento envolvente e a valorização dos canastros existentes, proporcionando uma paisagem deslumbrante sobre o rio Minho, o casario tradicional de Lapela e a margem galega.Neste edifício carregado de histórias e memórias, pretendeu-se, através desta intervenção, a criação de uma imagem renovada de todo o interior, criando-se um espaço funcional, para os visitantes, e mais um elemento de promoção cultural do concelho, desta vez, debruçado sobre o troço internacional do rio Minho.

Sentinela do Minho

Desconhece-se, com precisão, a data de fundação do Castelo de Lapela. Segundo a tradição, terá sido mandado construir por D. Afonso Henriques, após o Recontro de Valdevez, persistindo como baluarte da nossa nacionalidade até às Guerras da Independência. Apesar de estar associado aos alvores da formação de Portugal, sabemos, hoje, que a Torre terá sido construída mais tarde, durante o reinado de D. Fernando, muito, provavelmente, durante as guerras com Castela. Com toda a sua importância militar, sobretudo durante o período da Baixa Idade Média, nunca foi atribuída Carta de Foral a esta povoação, sendo Lapela, primeiramente freguesia do Julgado de Pena da Rainha e mais tarde de Monção.

Com cerca de 35 metros de altura, 22 metros de largura e paredes de 14 palmos (3 metros de espessura), trata-se de uma construção sólida, preparada com pedras cúbicas, sem vestígios de cimento e com juntas perfeitamente unidas, tendo em cada pedra uma letra em que se diz o valor dela. Foi demolida quase na totalidade por D. João V para, com as pedras, reparar a fortaleza de Monção.

Lapela no Livro das Fortalezas

No século XVI, D. Manuel I incumbe Duarte de Armas, escudeiro da Casa Real, de vistoriar os castelos e fortalezas da fronteira com Espanha, dando origem ao Livro de Fortalezas. Nesta obra, executada em 1509-1510, o Castelo da Lapela surge representado em duas vistas e uma planta. Do complexo desenho, sobressaem as várias torres, das quais se destacam a de menagem (único elemento militar que existe, ainda hoje) e a da couraça (implantada sobre o rio).Dentro dos muros, existia, ainda, uma estrutura habitacional para o seu alcaide, que assentava sobre um amplo arco de volta perfeita, frente à porta principal e ladeada por dois torreões. As legendas da planta e dos alçados permitem, hoje, representar de forma muito precisa todo o castelo, assim como, o acesso ao mesmo, pois contêm elementos, tais como, alturas, larguras e distâncias de todas as torres, compartimentos e panos de muralha. De referir ainda que, na representação de Lapela, Duarte de Armas não deixou de representar a povoação que na altura já existia, através de um pequeno e coeso casario junto à igreja, que se situava a poente do castelo.Saiba mais em (DES)CONFINADA | Série: Curiosidades - Episódio 2: Monção e Lapela por Duarte de Armas

Do declínio do Castelo à sobrevivência da Torre

Com o fim das Guerras da Restauração da Independência, a maioria das estruturas militares da raia portuguesa estavam bastante degradadas e obsoletas, face à nova forma de guerrear. A introdução da artilharia obrigou a uma nova geoestratégia de devesa, que fez com que os velhos castelos medievais fossem transformados para suportarem as novas táticas, ou então, simplesmente abandonados ou demolidos. Atingido duramente pela artilharia espanhola, o Castelo da Lapela ficou em mau estado e, em 1706, o rei D. João V autorizou a sua demolição e aproveitamento da pedra para as obras na fortaleza de Monção. A torre de menagem foi a única estrutura que sobrou, mas em 1840, devido ao seu mau estado de conservação, um grupo de engenheiros aconselhou a sua demolição.

Tomada do Castelo de Lapela nas Guerras da Restauração

“O Marques de Viana com mais vagar do que pedia o bom tempo, que colheu, marchou com o exercito pelo pé do monte Faro, cujas fraldas se estendem pela campanha de Valença, e a 30 de setembro ganhou posto sobre o Castelo de Lapela, situado como fica referido, na margem do Minho entre Valença e Monção, e ocupou um arrabalde, que por não ter defesa estava desamparado. Este princípio facilitou a resolução de se dar um assalto ao castelo na madrugada de 2 de outubro; mas foram rechaçados os que avançaram, com a perda de um sargento maior e 25 soldados. Governava Lapela Gaspar Lobato de Lanções, soldado de valor, porém mais carregado de anos que de experiências; o que logo se começou a verificar, admitindo no castelo muitas mulheres e meninos, que costumam ser incentivo de pouca constância dos soldados na defesa das praças. Vendo o Marques de Viana o mau sucesso do assalto, deu princípio ao sítio e mandou lançar uma ponte de barcas em Lagos de Rey. Começaram a jogar baterias contra o Castelo de uma e outra parte do Minho, não fizeram as balas muito efeito nas muralhas, porém as que se empregaram na gente bastaram para render o Castelo e Gaspar Lobato perturbado do clamor das mulheres e meninos, e assombrado do horror dos mortos e ameaça dos Galegos fez chamada e se rendeu com 10 soldados 3 peças de artilharia munições e bastimentos com que poderia defender o castelo muitos dias. O Marques de Viana tanto que ganhou Lapela marchou sobre Monção onde chegou a 7 de outubro.”

In Portugal Restaurado, Tomo III, Luis de Menezes