Deu-la-Deu Martins, esposa do capitão-mor de Monção, Vasco Gomes de Abreu, no tempo das guerras de D. Fernando, Rei de Portugal, com D. Henrique de Castela, no século XIV, é a heroína local, encontrando-se perpetuada no brasão de armas de Monção: «…em campo de verde, tôrre de prata, do alto da qual soerguem três quartos de vulto de mulher jovem que segura em cada mão seu pão de ouro; de prêto, quebrada em sobrecéu, uma legenda que reza, “DEUS O DEU, DEUS O HÁ DADO”».No Largo do Loreto, centro histórico de Monção, pode ver-se o brasão de Deu-la-Deu Martins colocado, desde 1869, no centro da base da estátua envolvida por um chafariz em forma circular. A Igreja Matriz, templo românico que “conheceu” algumas alterações e restauros ao longo dos séculos, possui uma capela em sua memória. Os atos de bravura e coragem de Deu-la-Deu Martins estão descritos na seguinte história: “Estava-se em guerra com Castela. Vasco Gomes de Abreu ausentara-se, em serviço do Rei de Portugal, e o adiantado da Galiza, D. Pedro Rodrigues Sarmento, General de Henrique de Castela, decidiu aproveitar a ocasião e pôr cerco a Monção, com um poderoso exército. A vila aguentou o cerco, apesar da falta de recursos de todo o género. Os alimentos eram escassos, os homens válidos muito poucos. Deu-la-Deu tomou o comando da praça e, durante o tempo que durou o cerco, dirigiu os seus homens, lutou a seu lado nos momentos de maior perigo, encorajou os vacilantes e desesperados, assistiu os feridos. Desmultiplicou-se, sem um momento de desânimo, sem uma vacilação.Porém, intramuros, esgotava-se tudo, lentamente: os recursos militares, a comida, os próprios homens e a coragem, também. O desespero descia sobre espíritos e corpos massacrados por dias e dias de expetativa, num lance decisivo. E foi num desses momentos de desespero que, lúcida, Deu-la-Deu mandou recolher a pouca farinha que ainda existia na vila e com ela fazer os últimos pães. Após a cozedura, Deu-la-Deu subiu à muralha com os pães nas mãos. Chegou-se a uma ameia e atirou-os aos sitiantes, ante o espanto dos seus conterrâneos, sem forças para mais do que pasmo, gritando bem alto: “A vós, que não podendo conquistar-nos pela força das armas, nos haveis querido render pela fome, nós, mais humanos e porque, graças a Deus, nos achamos bem providos, vendo que não estais fartos, vos enviamos esse socorro e vos daremos mais, se pedirdes!Na verdade, também o inimigo tinha fome, muita fome. Por isso, face àquele esbanjamento de pão, acreditaram na fartura dos sitiados e levantaram o cerco, partindo para terras de Castela. Desta forma, com audácia e coragem, Deu-la-Deu salvou a praça e ficou, para sempre, ligada à história de Monção.
O que visitar?
O brasão de Deu-la-Deu Martins pode ver-se, desde 1869, no centro da base da estátua envolvida por um chafariz em forma circular, no Largo do Loreto, centro histórico de Monção.A Igreja Matriz, templo românico que “conheceu” algumas alterações e restauros ao longo dos séculos, possui uma capela em sua memória, sendo visitada por quem "aspira a uma vida cheia de fé e coragem".Saiba mais em Deu-la-Deu Martins